Achei na web vários poemas lindos de Marly Oliveira do livro A SUAVE PANTERA , então resolvi postar aqui . Vejam alguns:
A SUAVE PANTERA I
Como qualquer animal,
olha as grades flutuantes.
Eis que as grades são fixas:
ela, sim, é andante.
Sob a pele, contida
— em silêncio e lisura —
a força do seu mal,
e a doçura, a doçura,
que escorre pelas pernas
e as pernas habitua
a esse modo de andar,
de ser sua, no perfeito equilíbrio
de sua vida aberta:
uma e atenta a si mesma,
suavíssima pantera.
A SUAVE PANTERA II
É suave, suave, a pantera.
Mas se a quiserem tocar
sem a devida cautela,
logo a verão transformada
na fera que há adentro dela:
o dente de mais marfim
na negrura toda alerta,
e ser, de princípio a fim,
a pantera sem reservas,
o fervor, a força lúdica,
da unha longa e descoberta,
o êxtase da sua fúria,
sob o melindre que a fera,
em repouso, se não a tocam,
como quem tem na singela
forma que não se alvoroça
por si só, antes parece,
na mansa, mansa e lustrosa
pelúcia com que se adorna,
uma viva, intensa jóia.
A SUAVE PANTERA V
Com tanto furor interno,
quem a livra, quem a livra
de ser o seu próprio inferno,
de, pelo foto da ira,
consumir-se estando quieta,
de acabrunhar-se sozinha.
Nem se diria uma fera!
Nem se diria rainha!
As patas pisando chão
têm uma dura leveza,
os pelos brilhando de ônix,
— de si mesma prisioneira —
caminha de um lado a outro
como pelo mundo inteiro.
Há esmeraldas de silêncio
nos seus olhares acesos.
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